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Foi um rio que passou em minha vida


Somos o que pensamos ou somos o que não sabemos que pensamos? Creio que o “somos o que pensamos” faz sentido, pois se penso “nasci para sofrer”, nas ocorrências difíceis atestarei esta realidade, no entanto, se penso “nasci para aprender”, nos momentos difíceis haverá grande tendência de pensarmos “que lição devo tirar deste difícil momento?” Então o “somos o que pensamos” é fato, mas...

Mas, creio que somos muito mais “o que não sabemos que pensamos”. São registros que estão em nosso psiquismo acobertados por uma grossa camada de cimento endurecido, figurativamente dizendo. Ali, no nosso psiquismo, está o nosso grande desafio. Conhecermo-nos de fato implica em quebrar este “cimento endurecido” ou em outras palavras, significa procurar nossas origens no rio que representa nossa vida. Deixarmos as margens e nadarmos contra a correnteza para um dia alcançarmos a fonte límpida originária desse caudaloso rio.


Nossa constituição humana é soma das forças psíquicas, psicológicas e fisiológicas. De forma alegórica, podemos dizer que nosso psiquismo pode ser comparado à água cristalina e pura que dá origem a um caudaloso rio. E as águas correndo pelo seu leito – limpas ou barrentas - são o nosso psicológico e, por fim, o leito e as margens do rio, o fisiológico.


Assim como a fonte é a origem do rio, seja este caudaloso, tortuoso, limpo ou sujo, o nosso psiquismo é determinante para o nosso existir. Se soubermos cuidar da fonte (nosso psiquismo), se compreendermos sua pureza original, se procurarmos enxergar a água pura - sem poluição - que vem dessa fonte, teremos a sapiência para aceitar o rio como ele é. Tortuoso, barrento às vezes, mas em essência, puro.


Em nossa fase de seres humanos adultos, fácil nos é andar pelas margens, mas para nos embrenharmos nas águas do rio, temos que desenvolver as habilidades da natação e, para chegarmos à fonte, temos que aprender a mergulhar. Nesse mergulho em contato com a fonte que borbulha no fundo do rio, nossa visão inicialmente ficará prejudicada pela areia que se desprenderá da região que circunda a fonte. A sujeira escondida, sedimentada, irá aparecer. Mas se soubermos nos movimentar de forma adequada e paciente, a areia naturalmente voltará ao redor da fonte, nossa visão se ampliará e então veremos a fonte em toda sua pureza.

Viver em plenitude é a arte e a ciência de aprendermos a mergulhar em nossas doloridas e desafiadoras profundezas psíquicas.




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