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A nova linguagem da comunicação





“Podemos resumir um excelente lugar para se trabalhar como uma empresa em que as pessoas confiam para quem elas trabalham, têm orgulho do que fazem e gostam das pessoas com quem trabalham. (...) Este conceito é o resultado dos mais de 20 anos de estudos e observações que Great Place to Work Institute, com mais de 10 mil empresas, em 58 países, totalizando mais de 20 milhões de funcionários.” Robert Levering, Fundador do Great Place to Work Institute


Por muito tempo imperou nas empresas (e ainda impera na maioria) a linguagem de comunicação de conversão e submissão. Era (é) a fase do “ele é meu subalterno”. Fase em que o líder, ou melhor, o chefe, para compensar sua baixa auto-estima, considerava o seu funcionário alguém inferior a si. E todos nós sabemos que a forma mais evidente de percebermos o complexo de “inferioridade” de alguém, é quando este alguém é reconhecido pelo seu complexo de “superioridade”. Ninguém é superior a ninguém. Mas na linguagem de comunicação de conversão e submissão, o chefe considera-se superior. Óbvio que precisa haver o necessário respeito hierárquico, mas isto não implica em ter pessoas superiores e inferiores.

O chefe dos velhos (??) tempos procurava converter seus funcionários. Estes tinham que pensar, agir e sentir, como o chefe pensava, agia e sentia. E com este procedimento, o chefe passava a ter à sua volta pessoas submissas e infelizes, que não conseguiam utilizar plenamente do grande potencial humano do qual todos nós somos portadores.


Em consonância com o acima comentado, tomara que não esteja longe o dia em que os hotéis substituirão o indelicado e desrespeitoso “Não Perturbe!” por algo semelhante a “Favor Higienizar Em Outro Momento”. Tomara que essa alteração, quando ocorrer, simbolize um novo tempo, isto é, simbolize a mudança da “linguagem de comunicação de conversão e submissão” para a (nova) “linguagem de comunicação de conscientização e promoção”, que sintetizará a nova ordem empresarial.

Portanto, nossa nova linguagem de comunicação deverá ser de conscientização e promoção, isto é, compete à empresa que atingiu sua maioridade, criar ambiente interno altamente estimulador que permita a pessoa conscientizar-se do seu potencial, e sem ser submissa, desenvolver os seus próprios talentos, o que, naturalmente, irá propiciar sua promoção humana, o que não necessariamente precisa ser uma promoção funcional na empresa.

Ainda não aprendemos a incluir o próximo, principalmente o próximo mais pobre e simples, em nosso universo. Por exemplo, achamos absolutamente normal a faxineira do hotel em que hospedamos ler todos os dias o “Não Perturbe!”. Mas será que se fossemos conversar com o presidente de nossa empresa e víssemos sobre sua mesa um colorido “Não Perturbe!” acharíamos natural? Será que não julgaríamos este proceder como sendo uma atitude de alguém arrogante e desrespeitoso?


Na malfadada “linguagem de comunicação de conversão e submissão” atual o “Não Perturbe” é um retrato fiel de como é vista pela sociedade aquela importante pessoa que higieniza o quarto em que iremos repousar. Consideram-na uma pessoa inferior, subalterna (uma palavrinha feia que na nova ordem irá desaparecer). Na ética e humana empresa da nova ordem teremos “cooperadores”, e não “subalternos”. Os líderes continuarão existindo, mas o grau de hierarquização será o menor possível.

Nesta nova ordem de gestão de pessoas teremos a obrigação, e principalmente a oportunidade, de perguntarmos o nome da senhora que nos serve o cafezinho, e, afetuosamente, dialogarmos. E aprendermos com ela.

Na nova ordem iremos aprender a nos colocarmos no lugar do próximo. Não mais iremos almejar que os outros pensem e sintam o que nós pensamos e sentimos, mas, sim, que se conscientizem do seu próprio potencial e que utilizem da melhor forma possível de sua maneira única de pensar, sentir e agir. A alteridade será a tônica. Conhecer a diferença, compreender a diferença e aprender com a diferença, estes serão nossos propósitos. Iremos descobrir como para nós e para a empresa é fundamental aceitarmos o diferente. Mas também seremos conscientes de que aceitar o próximo, com suas diferenças, não necessariamente significa concordar com seus pensamentos, sentimentos e atitudes. Aceitar a pessoa, sempre. Concordar com a pessoa, nem sempre.


O líder eficaz da nova ordem na área de gestão de pessoas será conhecido principalmente por ser portador de duas qualidades essenciais: deverá ser “bom comunicador” e “especialista em administrar conflitos interpessoais”, conflitos estes oriundos da bem vinda diversidade. Serão pessoas que irão inspirar confiança, pelas suas palavras e pelos seus atos.


A diversidade, hoje tão comentada mas ainda não plenamente valorizada, será o fermento da criatividade e da produtividade empresarial. Em vez de selecionarmos grupos de cooperadores que pensem da mesma forma, valorizaremos o produtivo conflito de opiniões, pois, você já viu a criatividade aflorar onde todos pensam da mesma forma?

Nesse novo ambiente onde os conflitos produtivos serão a meta, é importante que nos relembremos do ensinamento do grande mestre Peter Drucker que, considerando estes novos tempos, disse: “ganhar a vida já não é suficiente, o trabalho tem de nos permitir vivê-la também”. E para bem vivermos e convivermos nesse cipoal de conflitos, a solução será sermos humanos, no sentido dignificante da palavra.


A empresa moderna, sem perder o seu foco de ser instituição geradora de riquezas, passará a ser também uma das melhores escolas para o nosso desenvolvimento pessoal. Refletir, no interior da empresa, sobre a centelha divina que nos habita será um salutar e constante hábito. Não mais trabalharemos apenas focados no lucro pessoal (mera conseqüência do trabalho bem executado), mas, sim, pensando no desenvolvimento pessoal, afirmação esta em perfeita sintonia com o que o filósofo John Ruskin nos ensinou há mais de um século: “A maior recompensa de nosso trabalho não é o quanto nos pagam por ele, mas aquilo em que ele nos transforma.” A grande lição da nova ordem - “linguagem de comunicação de conscientização e promoção” em vez de “linguagem de conversão e submissão” - é que descobriremos, que Washington Olivetto mais uma vez acertou quando disse que “Difícil é fazer o simples”. E, no caso, o simples, mas difícil, é aprendermos a nos relacionar de forma afetuosa, pois só exercitando o afeto, um dos braços do amor, teremos uma empresa humana, produtiva e feliz.


Portanto, sem que o líder perca o necessário pulso firme, qualidade imprescindível ao bom líder, este deverá aprender a desafiante arte de ter atitudes amorosas, única forma de eliminarmos de vez o “Não Perturbe!”, não somente nos hotéis, mas também em nossas empresas.

Lembremo-nos de que ter atitudes amorosas nem sempre significa dizer “sim” a quem quer ouvir “sim”. A palavra “não” também deve fazer parte do vocabulário de um líder afetuoso, mas com pulso firme. Talvez a melhor definição de líder eficaz seja a que ouvi do Sr. Almeida, Diretor-Presidente da Tec-Screen, empresa que fabrica a tinta à óleo Gato Preto: “Líder eficaz é aquele que vivencia e aplica os três ‘Ces’: Cabeça, Coração e Coragem”.



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