Seja criativo, de quando em quando mude seu paradigma
Um número apreciável de cardíacos do Brasil que não podem se submeter a transplantes ou não têm tempo de vida suficiente para ficar na fila de espera teriam como destino certo a morte. Seria possível tomar uma iniciativa para solucionar o dilema acima mencionado? Com criatividade, sim. É o que veremos a seguir.
PRIMEIRA PERGUNTA CRIATIVA:
Qual a solução ideal, mas impossível?
Seria muito bom se houvesse cirurgias que fugissem do tradicional, pois assim aumentaria a sobrevida dos cardíacos que não podem se submeter a transplantes ou não têm tempo de vida suficiente para ficar na fila de espera.
SEGUNDA PERGUNTA CRIATIVA:
O que impede essa solução tornar-se possível?
O que impede é o fato do coração ser um órgão intocável. Por exemplo, tirar um bife do coração para aumentar seu poder de bombeamento implicaria na morte do paciente.
TERCEIRA PERGUNTA CRIATIVA:
Por que não ter como ponto de partida justamente o que impede de ir além do atual paradigma?
O médico brasileiro Randas Vilela Batista transformou o impossível no possível:
Antigo paradigma: O coração é um órgão intocável.
Novo paradigma: Por que não cortarmos um pedaço do coração?
(*) O médico brasileiro Randas Vilela Batista foi homenageado em novembro de 1997 nos Estados Unidos como um dos 15 heróis mundiais da medicina (lista preparada pela revista Time e pela rede de televisão CNN). Qual foi o feito do dr. Randas? Ele criou um novo tipo de cirurgia cardíaca, com ótimos resultados, em que o processo cirúrgico básico consiste em tirar um bife do ventrículo esquerdo para que o coração, com tamanho reduzido, volte a bombear sangue com força. Extrair uma parte do coração — como fez o médico Randas — era, para a maioria dos médicos, algo totalmente inaceitável. No entanto, essa nova cirurgia, hoje já aceita e copiada em várias partes do mundo, alcança a estupenda taxa de 95 por cento de sobrevida.
O “caso A MEDICINA BRASILEIRA”, mais uma vez comprova que o impossível passa a ser possível, a partir do momento em que criativamente dispomo-nos a visualizar o problema sob um novo e inédito ângulo.
(*) Fonte: revista Veja de 17/12/98